Vamos falar um pouco sobre automação de projetos civis com o uso de software e a importância dos conhecimentos do profissional ir além de operar um programa.
Em alguns pontos e exemplos darei ênfase no uso do AutoCAD por se tratar do assunto foco do site e do blog, mas os conceitos que abordo poderiam facilmente se aplicar no uso de outros softwares CAD.
Mesmo falando daquilo que é feito de forma automática pelo software, existe uma relação estreita entre o aparato tecnológico e o usuário com conhecimentos que consegue enxergar além dos resultados do computador. Mas algumas pessoas simplesmente ignoram ou não compreendem isto.
No final de 2009, recebi por e-mail uma pergunta pra lá de curiosa, a pessoa queria saber sobre o AditivoCAD 3. A pergunta basicamente era se bastaria “escolher o tipo de planta desejada e programa desenvolvia tudo sozinho com um só comando”. Muito bem, pensar em um software que faz tudo aquilo que requer o desenvolvimento de um projeto baseado em uma escolha? Dentro da tecnologia que temos hoje, daquilo que envolve estudos e conhecimento, considero esta pergunta medíocre se vier de um profissional.
Desenvolver um projeto descente requer não um modelo, mas um estudo prévio, além de muito outros fatores. Por isto, minha primeira reação a esta pergunta foi de achar muito engraçado, mas após perguntar para esta pessoa sobre seus conhecimentos técnicos não tive retorno algum, cheguei então em duas hipóteses, ou era alguém querendo bancar o engraçadinho ou se tratava de uma pessoa leiga no que diz respeito a projetos feitos por computador (CAD).
Imaginar um programa onde você aperta um botão e ele faz todo o processo criativo sozinho, é o mesmo que pensar em eliminar disciplinas relacionadas de cursos de arquitetura e engenharia, cursos de desenho, eliminar a necessidade de um profissional para fazer seu projeto.
O fato é com o que temos atualmente, nos passos que evoluímos o uso de um software para projetos jamais dispensa a presença de um profissional.
A presença humana, de alguém capacitado, é indispensável. Pensar o inverso é como imaginar, por exemplo, que a figura de um médico é dispensável porque a aparelhagem que ele usa é moderna e detecta tudo.
Não se deve levar “automatizar” ao pé da letra, pois não se faz projeto automático (como o nosso amigo queria, aperta um botão e pronto), o que se consegue neste sentido é relativo a um conjunto de tarefas, os cálculos e etapas a serem executadas. A automatização de tarefas repetitivas.
Cabe a um profissional, por exemplo, um arquiteto ao fazer um projeto residencial, analisar as necessidades básicas da família, o orçamento, o terreno, região dentre outros pontos, então partindo disto desenvolver seu projeto aproveitando espaços e até mesmo recursos naturais como luz e clima, sugerindo materiais mais convenientes para aquele projeto de acordo com a disponibilidade de mercado, atendendo inclusive normas técnicas e leis municipais como de uso do solo, que podem diferir conforme o código de obras de cada município.
Agora, as ferramentas que este profissional vai usar é que toca ao processo de automação e ganho de produtividade. Com o uso de softwares se obtém analises e resultados rápidos e precisos na maioria das vezes. A exemplo, em ambiente em 3D, ele pode simular na tela do computador como ficam os espaços, tem condições de saber a que horas do dia tem insolação em determinadas áreas, inclusive identificar possíveis problemas no projeto e corrigi-los à tempo, isto é algo penoso de se definir sem o auxilio de software.
Existem as tarefas que podem perfeitamente serem substituídas pelo software, pois não há tomada de decisão humana nem processo criativo, envolvem em muitas vezes uma aplicação de norma ou regra pré-estabelecida. A seguir alguns exemplos simples de automação de algumas tarefas que usamos no próprio AutoCAD.
Podemos verificar diferentes níveis de automação de tarefas conforme a complexidade da mesma bem como a ferramenta utilizada.
Alguns softwares executam tantas tarefas e de forma tão lógica e inteligente, que é espantoso para quem nunca teve contato com estes. O mercado dispõe de softwares capazes de calcular e dimensionar grandes estruturas de concreto armado a exemplo do Eberick da Autoqi.
Mesmo para quem utiliza plataforma CAD “comum” como o AutoCAD, pode fazer uso de aplicativos especiais que o direcionam para determinadas tarefas como o AditivoCAD 3 faz.
No entanto, o uso destes produtos não dispensa o profissional e o conhecimento técnico, o fato de usar uma poderosa ferramenta para calculo estrutural não significa que dispensa um engenheiro com conhecimentos em estruturas para opera-lo. É pura utopia (também pressa e preguiça em alguns casos) acreditar em apertar um botão e ter tudo prontinho.
O automático você vai conseguir obter daquilo que é repetitivo e que obedece a regras, não envolve tomada de decisão humana nem criatividade, aquilo que o robô faz. No mais, jamais despreze o conhecimento de um bom profissional.
E finalizando, friso a importância de entender que é preciso habilidades para manusear alguns softwares além de uma prévia base técnica para compreender exatamente o que está fazendo, sem esta compreensão você corre o risco de obedecer a um robô que te orienta a pular do precipício.
Caso tenha comentários, fique à vontade.
Imagem SXC: sxc.hu/photo/1159615
A matéria sobre automação é oportuna, pois muitos profissionais cobram na TOPOGRAFIA uma automação que não existe.
Caro Fredy,
Recentemente escutei de um cliente: "Eu fiz este projeto e quando fui dar entrada na Caixa para financiamento, me pediram a estrutura. Você sabe quem faz isso? Porque o engenheiro que fez meu projeto disse que não faz porque precisa ter um programa para isso?"
Cada dia é mais comum vermos "profissionais" que não sabem exatamente o que fazem e se apóiam em artifícios: copiando soluções ou aceitando dados de programas de computador sem a capacidade de lançar sobre estes qualquer crítica. E isto, em diversas áreas. Na medicina a propaganda é "nossa clínica dispõe de equipamentos modernos, tecnologia"... mas ninguém fala sobre o carinha que fica ali observando os resultados que saem daquela máquina tão cara e maravilhosa.
O que nos falta é uma questão de fiscalização - que envolve a qualificação, o compromisso com a atividade e a remuneração. Coisa boa de se discutir com o CONFEA, CREA, IAB... Abraço.
Fredy (respondeu em 09/12/2010)Olá André!
O pior é que tem gente como este engenheiro ai que fala este tipo de coisa para se parecer bem informado?
Grato pelo comentário.
Gostei da matéria sobre automação em AutoCad, enriquece os conhecimentos e realmente, os programas não substituem os profissionais!! Apenas facilita e agiliza o trabalho!!
Jose Eduardo Fernandes de Lima - Niterói - RJ
Fredy (respondeu em 09/12/2010)Olá Jose, grato pela participação.